O ser humano sempre inspirou a artista plástica Regina Helena Conde, 59 anos, carioca de Copacabana. Ela começou copiando o corpo, para depois entronizá-lo no mundo mágico da criação. Nos primeiros tempos, optou pela abundância de tinta, observando que dois ou três tubos espremidos sobre a tela “acabavam se acasalando” e dando à luz uma infinidade de tons. Mutante, Regina viu logo que aquele ser merecia alçar novos vôos. O corpo humano, até então centrado em si mesmo, precisava voltar a ser parte do universo __ talvez por ser “feito do mesmo estofo do mundo”, baseando-se no filósofo francês Merleau-Ponty.
A artista iniciou, então, uma nova busca, pelo homem inserido no mundo, integrado em seu ambiente, em equilibrada harmonia com a natureza. A tinta abundante deu lugar a camadas mais finas, às vezes transparentes. A figura humana, antes tão marcada, foi se atenuando e esmaecendo misteriosamente. O homem continua na tela, é claro, mas é parte do pulsar do universo. Em outras palavras: já não é o centro do mundo.
Em suas viagens, Regina utiliza o pincel, a tinta a óleo, o pano, a espátula, as mãos e, sobretudo, a sensibilidade. Uma sensibilidade gritante, que pode até ser ouvida. “Na pintura, cada instante tem um som próprio, que faz vibrar a energia do artista e do material usado. (...) Esses instantes soam como notas musicais que nos levam à melodia da própria pintura. Cada instante soa diferente, formando um todo único, que constitui um timbre pictórico”, define.
À sua maneira, a artista também prova que a pintura __ cuja morte tantas vezes foi anunciada __ está viva, saudável e palpitante. Afinal, pintar é sentir. E “o sentir transcende o tempo”, como afirma a psicanalista Maria Beatriz Breves Ramos, em seu livro A ciência do sentir. O que nos leva a crer que a pintura do sentir será eternamente contemporânea.
Treze cursos e oito exposições
Desde que decidiu concentrar-se na arte, nos idos de 1991, a artista plástica Regina Helena Conde __ que passara, na juventude, pela Faculdade de Serviço Social da PUC do Rio __ fez 13 cursos e workshops sucessivos, nas áreas de desenho, cor e pintura, em instituições como a Escola de Artes Visuais do Parque Lage e o Centro Cultural Hélio Oiticica. De lá para cá, participou de oito exposições coletivas, inclusive no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. A mostra atual, na Pequena Galeria do Centro Cultural Cândido Mendes, é sua primeira individual.
Veja, pela ordem, os cursos e exposições da trajetória de Regina Helena Conde:
· Verônica Debellian Accetta - Parthenon Centro de Artes e Cultura, RJ; · Desenho de Modelo Vivo e Composição - Gianguido Bonfanti - Escola de Artes Visuais do Parque Lage - EAV (Parque Lage), RJ; · Workshop sobre materiais e pintura - Katie Van Scherpenberg - EAV (Parque Lage), RJ; · A cor e as suas questões - Jose Maria Dias da Cruz - EAV (Parque Lage), RJ; · Bloqueios Criativos e Dynamic Encounters - Charles Watson - EAV (Parque Lage), RJ; · Pintura e Cor - Aloysio Carvão - EAV (Parque Lage), RJ; · Desenho - Marcio Botner - EAV (Parque Lage), RJ; · Pintura de Modelo Vivo - Orlando Mollica - EAV (Parque Lage), RJ; · Grupo de estudo e análise da pintura - orientação Gianguido Bonfanti; · Workshop com Jose Resende - Centro Cultural Helio Oiticica, RJ; · Curso com Daniel Senise - EAV (Parque Lage), RJ; · Espaços Contemporâneos em Pintura - Suzana Queiroga - EAV (Parque Lage), RJ.
Como atividade didática ministrou, em seu Atelier, entre 1996 e 2004, o curso “Artes Plásticas para Crianças, Adolescentes e Adultos”; foi monitora, entre 1997 e 1999, do curso de “Desenho de Modelo Vivo”, ministrado por Gianguido Bonfanti, no EAV (Parque Lage), RJ; e ministrou, entre 1998 e 2000, o curso de “Desenho de Modelo Vivo” na Oficina de Arte Maria Tereza Vieira.
Participou das exposições Coletivas:
· Salão da Primavera da Biblioteca Estadual de Niterói, RJ - 1993; · VI Salão de Artes Plásticas da Base Aérea do Galeão, RJ - 1993; · XLI Salão de Artes Plásticas do Clube Militar, RJ - 1993; · XLII Salão de Artes Plásticas do Clube Militar, RJ - 1994; · Mulheres na Arte do Clube Militar, RJ - 1994; · Salão Comunitário de Artes Plásticas da Biblioteca Estadual de Niterói, RJ - 1994; · I Salão Nacional Zumbi dos Palmares do MAM, RJ - 1995; · Gerações da Oficina de Arte Maria Tereza Vieira, RJ - 1998.
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